Campeonato Sul-Americano da Classe 1 Metro agita as águas do Lago Rupanco, no Chile
Entre os dias 25 e 27 de abril, a Marina Rupanco, no Chile, foi palco do Campeonato Sul-Americano da Classe 1 Metro (ULY). O evento reuniu velejadores de cinco países — Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Venezuela — totalizando 21 competidores e 22 regatas disputadas em alto nível.
O pódio consagrou o chileno Pablo Walper (CHI 37) como grande campeão. O vice-campeonato ficou com o argentino Martin Varo (ARG 17), seguido pelo brasileiro Denis Astbury (BRA 59), que conquistou a terceira colocação. Completaram o top 5 os chilenos Felipe Gil (CHI 159), em quarto, e Andres Bozzo (CHI 66), em quinto lugar.
O brasileiro Denis Astbury compartilhou conosco um relato especial sobre sua experiência no campeonato. Confira abaixo:
Por Denis Astbury BRA 59
XX Campeonato Sul-Americano de ULY 2025
O evento começou com meu deslocamento Rio–Santiago, seguido de um pernoite na casa do amigo Jorge Eichholz. No dia seguinte, segui para o pequeno aeroporto de Osorno, a cerca de 35 minutos do Lago Rupanco, mais especificamente para a Marina Rupanco, às margens do lago, dentro do condomínio onde nosso grande amigo Pablo Alvarez tem sua magnífica casa — que foi minha hospedagem e base gastronômica. Digo isso porque, ao longo do texto, quem ler entenderá o porquê.
As medições começaram na tarde de quinta-feira e se estenderam até às 11h da manhã de sexta, conduzidas pelo amigo Rolf Koster. Foi aferido apenas o peso de cada quilha e do barco completo com os rigs. Achei pouco exigente para um campeonato internacional, especialmente considerando que observei alguns detalhes fora do regulamento em certos barcos, como faixas nos mastros e tamanhos/dimensões dos numerais — e que não foram contestados.
O primeiro dia 25 abril – Sexta-feira
Campeonato começou após um café da manhã na casa do Pablo, com vista para o Lago Rupanco e um vulcão com neve eterna no topo — nada mal para começar o dia. Por volta das 13h, tivemos a reunião de comandantes: 21 inscritos, 19 velejadores presentes e 5 países representados: Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela.
Ficou estabelecido que o ritmo das regatas seria com apenas uma flotilha, duas baterias em sequência, com um intervalo de 5 minutos entre elas antes do novo procedimento de 2 minutos. Ao término dessas duas, um intervalo de 10 minutos. Na minha visão, muito tempo perdido — poderíamos ter tido mais regatas. Questionei, mas me explicaram que esse é o padrão chileno e assim seria. O sistema contava com dois observadores umpire, mas, na prática, não funcionou muito bem: poucas infrações foram apontadas. Todos os protestos foram resolvidos na água com pagamento de penalidades.
O almoço foi servido no meio da tarde: sanduíches caprichados e refrigerantes oferecidos pela organização. Para quem preferisse, havia água puríssima direto da bica — e claro, geladíssima, como manda o clima do sul do Chile.
A raia ficava à frente do píer principal. O vento era norte, rondando para nordeste, a raia era difícil, com poucas ondas, chuvas leves e ocasionais, e frio para os padrões cariocas: entre 10 e 13 °C. Boas condições para o rig A, com o vento aumentando gradualmente. Corri apenas uma bateria com o rig B — deveria ter trocado antes, pois acabei capotando na bateria anterior.
Já nas primeiras baterias, identifiquei os principais oponentes: Pablo Walper (CHI), Martin Varo (ARG), Felipe Gil (CHI) e Andrés Bozzo (CHI), todos confirmando o favoritismo e figurando no top 5 final. Pablo Walper logo se destacou, mostrando domínio total da raia.
Ao fim do dia, entre uma taça de vinho e outra, com mpanadas e um assado (carne assada ao forno), curtimos um agradabilíssimo happy hour na casa do Pablo. Assistimos a todas as regatas do dia gravadas e pude analisar meu velejo — percebi que estava “forçando” demais o ULY no upwind, talvez por vício do velejo no IOM, ainda fresco na minha memória após o Gaúcho de IOM em POA. O ULY não responde igual — é um projeto mais antigo — e demorei a virar a chave. O barco não é ruim, apenas diferente.
Ah, e o “jumento” aqui esqueceu o medidor de bateria. Estiquei demais o primeiro pack e acabei com um DNF. Queimei logo no primeiro dia um descarte muito alto — 22 pontos — que fez muita falta no final. Como sempre digo: se um ponto faz diferença, imagine um descarte alto. Alfafa, milho e capim no jantar, por favor, para este “jumento” que vos escreve.
Terminei o dia em 4º lugar. Estratégias traçadas para o dia seguinte, adversários identificados e muita conversa em um portunhol bem básico. A noite terminou por volta das 23h30, “tranquilo, tranquilo”, fechando com um copão de Pisco com Coca-Cola. Quem já tomou, sabe o risco. Se fizessem bafômetro no dia seguinte, ninguém passava — nem quem não bebeu.
Segundo dia 26 abril – sábado
Vento Norte rondando pra Nordeste, mudamos de raia. Bem mais rajado, mais fraco e praticamente sem ondas. Frio e garoa continuaram. Usei rig A o dia todo, sem trocas, com vento variando de quase zero até 10/11 nós — dá pra imaginar a dificuldade. A raia foi difícil de posicionar, pois o vento vinha da terra, de um vale à direita da marina, mudando muito de direção.
O almoço estava previsto para as 14h: deliciosas empanadas e refrigerante à vontade. Velejei melhor, mas tive altos e baixos — algumas regatas ótimas, outras péssimas. Média razoável, talvez nota 7,5 ou 8, como na escola. Resultado: subi apenas uma posição, terminando o dia em 3º. Pablo Walper manteve a constância, disparando na frente. Martin Varo também se firmou no 2º lugar.
A noite de sábado foi regada a mais resenhas, review das regatas, vinho tinto/branco, cerveja, ceviche de salmão (delicioso) e um ensopado preparado por horas com mexilhões, frango, carne, batata, etc. Muito portunhol “nível hard”, mais vinho e boas conversas.
Último dia 27 abril – domingo
Regata limitada até as 16h. Vento sudeste rondando para sul, fraco — entre quase zero e 8/9 nós. A raia foi novamente posicionada em frente ao píer, agora com muito mais ondas, formadas pela longa distância da margem oposta. Bastante “picado”, mesmo com vento fraco. De novo, dificuldade para montar uma raia técnica e equilibrada. Velejei de forma razoável — e razoável não ganha campeonato, ainda mais quando o 2º lugar estava praticamente garantido com Martin. Fechei em um sólido 3º lugar.
Seguimos com a entrega de prêmios e despedidas para quem partiu logo depois. Para os que ficaram, houve um jantar especial com direito a uma deliciosa paella — daquelas de comer rezando. Cerveja e vinho à vontade e, aí sim, o portunhol ficou fluente de verdade. Rolou até disputa de sinuca e muita conversa boa.
O campeonato foi muito bem organizado, com um cuidado especial do Pablo Alvarez em agradar e integrar todos os entusiastas da classe ULY, especialmente da região sul do Chile e da Argentina, já que em Buenos Aires e Santiago as atividades da classe estão bem reduzidas. Também houve preocupação em ter todos os países da ULY representados, com ao menos um velejador presente.
Quem ainda não foi a Rupanco, deve ir. É um daqueles campeonatos que ficam na história da classe — e na memória do velejador. Vale muuuuuito a pena.
Forte abraço,
Denis Astbury
ULY BRA 359
Maiores informações no site do evento em: https://sudamericanoulychile2025.cl/
Lista de inscritos:
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Sou da mesma opinião, quem foi ao Sul Americano de IOM em novembro de 23 sabe avaliar o evento.
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